sábado, 16 de janeiro de 2010

E-!

Prezado leitor, se você leu esse título e achou que o traço fosse algum erro de edição e leu o “e” igual ao nosso alfabeto, parabéns, ainda há salvação. Porém, se foi lido como um “ih!”, você já foi contamido pela nova e-Era. Os e-s são uma epidemia que está deixando a gripe no chinelo. Mas os sintomas são silenciosos e o nosso organismo absorve seus efeitos muito lentamente...

Com certeza, Ana Júlia já está inserida nesse novo contexto. Acordou meio nostálgica, o tempo frio e livre contribuiu para esse estado de espírito. Pegou o velho e bom jornal com o intuito de sujar mesmo as pontas dos dedos de tanto manuseá-lo. Porém, uma matéria sobre e-book deixou Ana Júlia um pouco perturbada. Leitura virtual? Seria uma mera questão de hábito? E-agora?

Tinha que se render ao fator tecnologia e ecologia, a e-cologia. Ao menos para os livros, as pobres árvores não seriam derrubadas. Mas os livros enfeitavam sua estante, diversas capas, diversos tamanhos, lombadas coloridas... Tudo isso iria acabar em um terminal preto e branco? Era viciada em manuseio, em virar páginas, em dobrar orelha. E só se deu conta desse vício ao se deparar que podia ficar sem ele.

O tempo ainda estava frio, o pensamento longe, os olhos semicerrados, uma ótima hora para tirar uma soneca. Ana dormiu e sonhou. Sonhou que estava deitada em um sofá confortável. A lareira esquentando seu corpo, um copo de vinho tinto esquentando as ideias e um bom e delicioso livro à moda antiga sendo devorado. De repente, meu caro leitor, essa imagem não passará mesmo de um nostálgico sonho...

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