terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Designerfreelancer

Quando Deus criou os vizinhos, o homem estipulou a política da boa vizinhança. Essa regra básica em todo edifício que se preze se equivale àquela do marido traído, o interessado é sempre o último a saber (quando sabe).

Optar por ser designer freelancer e manter uma rotina é uma tarefa das mais complicadas. Mas Ana Júlia se esforça bastante e sempre que pode leva sua filha para tomar um sol nas manhãs ensolaradas do Rio de Janeiro. Em um lindo sábado de sol, lá vai Ana Júlia para a pracinha entreter e gastar a energia de Yasmin. Chegando lá, encontra uma mãe que, ao trabalhar durante a semana fora, só pode levar sua cria nos finais de semana:

- Nossa! Como sua filha cresceu! Está tão lindinha... O tempo passa rápido, né?

Papo vai, papo vem... a doce vizinha entra da intimidade do lar de Ana Júlia...

- Tive que colocar meu filho na creche muito cedo, é de partir o coração. Mas a minha licença só durou quatro meses. Não tinha como adiar. Bom que você consegue se dedicar tempo integral. Você deve ficar cansada de cuidar dela sozinha enquanto seu marido trabalha fora, não é?

- Nem tanto, a babá dela é muito boa.

- Mas durante a semana é você que quase sempre traz a Yasmin para passear.

Como ela sabe dessa informação?!?

- Você não pensa em voltar a trabalhar?

- Mas eu trabalho, tenho meu escritório em casa.

Essa ela não sabia...

- Ah! Que bom então, trabalha em quê?

- Sou designer freelancer.

- A tá.

Tenta falar rápido essas duas palavras? Soa muito estranho. Achou que essa informação encerraria o interrogatório, ledo engano...

- Desculpe, não entendi direito, você trabalha em quê?

- Sou designer gráfico e já tenho a minha carteira de clientes que conhecem meu trabalho. Então optei por trabalhar em casa.

- Que maravilha! Desculpe a insistência, o que faz uma designer gráfico que trabalha em casa?

Olhei para Yasmin, doida para que ela viesse correndo e dissesse que queria ir ao banheiro, que estava cansada, que o amiguinho não queria devolver o brinquedo. Não foi isso o que aconteceu. Enquanto explicava aquele texto já decorado em sua cabeça, Ana Júlia começou a ter uma brilhante idéia tabajara! Assim que pisasse em casa escreveria uma cartilha básica sobre conceitos do design para distribuir por aí. Quem sabe distribuir na próxima reunião de condomínio?

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