segunda-feira, 15 de junho de 2009

Para viagem


Sabe aqueles dias em que você quer fazer alguma coisa diferente da rotina? E fica gastando o controle da televisão por que não sabe exatamente o que assistir? Nesses dias, ao menos comer algo diferente já seria um bom começo. Depois de mudar muitos canais, o sujeito esbarra com o comercial que parecia feito sob encomenda: um sanduíche com 6 milhões de combinações possíveis. Uau! Era isso! Poder escolher entre 6 milhões de itens parecia uma aventura diferente para um domingo à tarde. Do jeito que estava vestido – calça de moletom, camiseta básica branca e chinelos de dedo – saiu à cata do famoso sanduíche.

Chegando a uma franquia, se deparou com a caixa super bem treinada para atender qualquer cliente faminto por escolhas:

- Boa noite senhor, posso ajudar?

O empolgado sujeito responde:

- Com certeza! O anúncio diz que são 6 milhões de combinações, certo?

- Certo, senhor! Qual vai ser o pedido?

- Se eu quiser colocar 1 milhão de ingredientes no sanduíche eu posso, então?

- Desculpe, senhor, mas não é bem assim que funciona, o senhor tem direito a escolher entre 10 ingredientes e dois molhos.

- Mas só isso? Puxa, achei que pudesse escolher mais... Então, se são 6 milhões de combinações deve ter um bocado de itens para escolher.

- Na verdade, são 50, senhor...

- Nossa, como é que se chega nos milhões de combinações com 50 itens?

A caixa, a essa altura, já havia desfeito o sorriso da face...

- O senhor gostaria de fazer o pedido?

- Tudo bem, não quero mais tomar o seu tempo. Quais os tipos de pães?

- Integral, com gergelim, light, diet, árabe, branco, de leite, com ervas e centeio.

- Integral, gerge... me dá o normal mesmo.

- Normal não temos. Pode ser branco?

- Tudo bem, agora o recheio. Eu posso escolher 50, certo?

- Não, senhor... Apenas 10.

- Então coloca aí... Deixa eu ver... Nossa, é muita coisa... Alguma sugestão?

- O kani com queijo branco costuma sair muito bem.

- Não é bem isso que eu quero...

- Senhor, me desculpe, mas a fila está ficando grande atrás do senhor.

- Puxa, nem tinha percebido. Cancela o sanduíche. Vocês vendem sorvete?

-Não, senhor.

- Café?

- Carioca, expresso, com leite, chantilly, meio amargo, com raspas de canela...

- Me vê um preto, puro, sem açúcar.

- Vai tomar agora, para viagem ou delivery?

- Para viagem!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eu não tenho, você tem?

Eu adoraria dar a volta ao mundo em 180 dias. Conhecer lugares novos, entrar em contato com culturas tão diferentes da minha é enriquecedor. Sempre que vejo na televisão esses anúncios de viagens meus olhos brilham, mas uma pulga fica atrás da minha orelha. Já repararam que geralmente o comercial acaba assim: procure seu agente de viagens. Você conhece algum agente de viagens? É bem diferente de dizer “vou falar com meu advogado”. Ainda que você não tenha um de confiança, não é difícil contratar um, já que existem mais advogados do que chuchu na serra. Mas um agente de viagens? Imagina que chique, estou com vontade de conhecer a Itália, então eu pego meu caderno de telefones, ligo para o meu amigo agente de viagens e combinamos de tomar um cafezinho para discutir as melhores condições para se viajar.

Se alguém se encaixa nesse perfil, por favor, entre em contato comigo, eu preciso saber como é a sensação de ter um agente exclusivo (diretamente, sem o intermédio de um advogado, ok?).

Seria mais apropriado substituir o pronome possessivo pelo artigo indefinido. Quer conhecer a Itália? Procure UM agente de viagens. Hum... bem melhor.