terça-feira, 27 de abril de 2010

Dia D

Hoje é o dia do designer gráfico. Mas... quanto aninhos ele faz? Muitos dizem que o pai de todos é o multi-facetado Peter Berhens. Aqui no Brasil o design está firmando as pernas, ainda estamos conquistando nosso lugar ao sol e o entendimento da profissão. Acredito que a regulamentação possa ajudar, mas isso já é uma outra história... E o que é design gráfico? Eu acho que um bom projeto – sempre bato na tecla do conceito – é como tomar uma coca-cola no recipiente de vidro, estupidamente gelada, num dia de sol de primavera, à beira da praia de Copacabana, com uma leve brisa batendo... É refrescante! Revigorante! Viciante!

Há quem ache supérfluo assim como é a coca-cola. Mas não é à toa que está nas nossas vidas há mais de 100 anos e todo muito toma sua fórmula secreta.

Então minha gente, tomem design! Refresquem-se, renovem-se, usem, usufrutem e rasguem se preciso for.

Parabéns a todos que tornam a profissão refrescante e revigorante.

quarta-feira, 17 de março de 2010

que delícia!!!


Gente! Olha o que eu achei no blog assuntoscriativos.blogspot.com. Um chaveiro que imita os deliciosos plásticos bolha... As bolinhas anti-stress estão automaticamente aposentadas. Existe lembrança melhor de infância do que ver um eletrodoméstico chegando embrulhado naquele enorme plástico bolha e a criança aguando para estourar o máximo que pode? Imagina poder estourar vezes o infinito... Será que vicia?

sábado, 13 de março de 2010

Página em branco

O começo de uma grande ideia; sua ausência

Um espaço entre pensamentos; a origem deles

A primeira letra; o ponto final

Fonte de paz; fonte de inquietude

Bem-me-quer; mal-me-quer

Já sei! Não, ainda não...

Há quem saiba o que fazer com ela; há quem não consegue nem encará-la

Vontade de rasgar, fazer um bolinha e arremessar

Ou construir um barquinho e navegar além do horizonte

Sou uma página em branco, só não sei se estou no começo ou no fim.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Reality showzinho


A nova tsunami mundial é essa: realities show (se escrevi errado, favor me corrijam). Não tem como fugir, tanto na tv aberta como na fechada, tem de todos os tipos para todos os gostos. Confesso que gosto de acompanhar àqueles que promovem novos talentos, como Project Runway, Stylista e até American Idol. Mas hoje assiti um que me deixou estupefata!!! Reality show com crianças!!! Já não bastasse a quase impotência de pais em tentar proteger seus filhos ao máximo dessa cultura descartável e reciclável, há outros que literalmente jogam seus filhos dentro da latrina. E esse programa é o retrato disso.

Imaginem, aos 10 anos, crianças sendo eliminadas porque "não servem para o programa". O que é isso? O garotinho saiu de lá dizendo para não se esquecerem do rosto dele porque o mundo ainda iria se lembrar do nome dele!!! Ele só se esqueceu que daqui a uns 8 anos o rosto estará completamente mudado.

Outra pequena dizia, meio raivosa: "só quero ser rica e famosa!" Paredão nessas mães! Quais serão os valores passados para seus filhos? A Britney Spears é rica, famosa... e descompensada!! A Simony está até hoje tentando emplacar o Balão Mágico! É esse o futuro que essas mães-empresárias querem para seus filhos?

Quando os rebentos são pequenos, sempre há aquelas comparações entre mães (confesso que nunca entendi o motivo psicológico disso, mas tudo bem). Vou exemplificar alguns diálogos:

- Seu filho andou com quanto tempo?
- 1 ano e 2 meses
- É mesmo? O meu andou com 1 ano.
- Ah! Mas o meu falou super cedo, com 1 ele já falava mamã e papá!

Até aí tudo bem, disputa saudável... Agora vou ser visionária e antecipar um reality show: bbb
Assim mesmo, com letras minúsculas - baby brother brasil. Vou exemplificar alguns diálogos:

Apresentador: - Hoje é um dia emocionante! Começamos com 10 bebês e hoje um vai sair da creche! A prova durante a semana foi a seguinte: as crianças tinham que pronunciar a palavra mamãe o melhor possível. A criança que não conseguir, estará fora da disputa do baby brother brasil.
Antes de anunciar quem está fora, uma notícia triste. A produção está desclassificando a dupla de mamãe e baby Fulana e Sicrana porque soubemos por fontes seguras que Fulana adulterou a certidão de nascimento de Sicrana, ou seja, ela tem 1 ano e meio e está desclassificada da disputa de baby brother brasil.
Relembrando que a criança que ganhar vai receber uma poupança até completar 18 anos e contrato de dois anos com uma famosa marca de fraldas para fazer o comercial da empresa.

Sabemos que nesse mundo competitivo quem não chora, não mama, mas acho que são algumas mães que merecem umas boas palmadas...

sábado, 16 de janeiro de 2010

E-!

Prezado leitor, se você leu esse título e achou que o traço fosse algum erro de edição e leu o “e” igual ao nosso alfabeto, parabéns, ainda há salvação. Porém, se foi lido como um “ih!”, você já foi contamido pela nova e-Era. Os e-s são uma epidemia que está deixando a gripe no chinelo. Mas os sintomas são silenciosos e o nosso organismo absorve seus efeitos muito lentamente...

Com certeza, Ana Júlia já está inserida nesse novo contexto. Acordou meio nostálgica, o tempo frio e livre contribuiu para esse estado de espírito. Pegou o velho e bom jornal com o intuito de sujar mesmo as pontas dos dedos de tanto manuseá-lo. Porém, uma matéria sobre e-book deixou Ana Júlia um pouco perturbada. Leitura virtual? Seria uma mera questão de hábito? E-agora?

Tinha que se render ao fator tecnologia e ecologia, a e-cologia. Ao menos para os livros, as pobres árvores não seriam derrubadas. Mas os livros enfeitavam sua estante, diversas capas, diversos tamanhos, lombadas coloridas... Tudo isso iria acabar em um terminal preto e branco? Era viciada em manuseio, em virar páginas, em dobrar orelha. E só se deu conta desse vício ao se deparar que podia ficar sem ele.

O tempo ainda estava frio, o pensamento longe, os olhos semicerrados, uma ótima hora para tirar uma soneca. Ana dormiu e sonhou. Sonhou que estava deitada em um sofá confortável. A lareira esquentando seu corpo, um copo de vinho tinto esquentando as ideias e um bom e delicioso livro à moda antiga sendo devorado. De repente, meu caro leitor, essa imagem não passará mesmo de um nostálgico sonho...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O primeiro micro a gente nunca esquece

O mundo hoje poderia ser dividido em A.I. e D.I.: antes da internet e depois dela. Uma infinidade de neologismos surgiu D.I. Não demora muito o novo verbo “twittar” estará engrossando nosso dicionário. Pois estou inventando mais um, a expressão “que micro” o qual reúne os micos que o internauta está sujeito a pagar quando não se atualiza 24 horas por dia com as novas formas de se comunicar nesse e-habitat (acabei de inventar outro).


Ana Júlia tem uma coleção deles registrados no HD do computador e ultimamente anda ocupando por demais a memória. Ela sempre foi meio avessa a expor sua intimidade por aí, mas depois do nascimento de Yasmin, não existia melhor meio de divulgar o desenvolvimento da pequena do que o orkut. Agora que perdera a virgindade virtual, já era! Queria usufruir de todas as ferramentas disponíveis!


Uma noite dessas de insônia, resolveu escrever. Gostou tanto do texto que quis compartilhar com seus contatos (amigos, colegas virtuais = contatos). Foi um tal de control C, control V... Quando ficou satisfeita, mandou o texto para todos. Estava instaurado o primeiro micro. Como uma designer que se preza não tem um blog?


Blog criado, não pagaria o micro de divulgá-lo por e-mail, deveria existir uma inteligência artificial mais adequada para o processo. Ah, sim! O orkut iria servir para algo mais do que depósito de fotos e de busca de pessoas da época do maternal. Mas o pior ainda estava por vir! Mandou um recado para ela mesma com o endereço do blog! Quer micro maior que esse?


Como uma coisa vai levando a outra, o próximo passo seria criar um twitter. Mas, para que serve um twitter? Para todo mundo saber o que você está fazendo on line, on time, full time!!!


Ana Júlia até que tentou, mas não deu. conseguiram acompanhar um twitteiro? Não dá! Decidiu não pagar o micro de virar Globo News e dizer o que estaria fazendo a cada meia hora.


Depois dessa orgia virtual, Ana Júlia se desligou um pouco desse mundo e começou a se perder nos seus pensamentos, ou a começar a se achar neles. Pensou como era louco conhecer todo mundo e ninguém ao mesmo tempo. Não se impressionaria se num futuro bem próximo as relações amorosas começassem on line, o casal que quisesse conceber filhos faria o sexo virtual e o futuro rebento seria igual ao tamagoshi, alimentado com baterias... É tão absurdo pensar nessas coisas? Achou que sim, que micro... Agora usaria o seu conhecimento com mais critério antes que fosse votada em um desses blogs como a maior micreira da rede!


Cliente amigo

A máxima “amigos, amigos; negócios à parte”, pode ser mais delicada na prática. Quando está iniciando uma carreira, ainda mais quando um portfolio se faz necessário, amigos que precisem de um favor para projetos gráficos são mais do que bem-vindos. Ana Júlia já havia prestado muito deles em nome da amizade, e olhando para trás, não sabe como não perdeu alguém querido, alguns primeiros trabalhos eram de doer na vista. Nada melhor que muita prática e maturidade (principalmente visual) para contornar as adversidades e se orgulhar de um projeto bem feito.

Uma amiga daquelas que se conta nos dedos, trabalha como secretária executiva em uma empresa que precisava de uma dessas soluções gráficas. Ligou para Ana a fim de propor um trabalho:

- Ana? O presidente aqui da empresa precisa de um cartão de visitas bem bonito. Você pode fazer?

Ana Júlia fez uma cara de poucos amigos ao telefone. Um cartão de visitas era uma parte de um todo. Não adiantava desenvolver um cartão incoerente com o resto da papelaria da empresa. Usou toda sua psicologia para explicar esse conceito para amiga.

- Poxa Aninha, quebra esse galho, ele vai viajar e queria distribuir um cartão para os clientes. Mas tem que ser rapidinho, ele sai em três dias.

- Como posso criar um cartão em menos de três dias e mandar para um birô de impressão? É impossível!

- Se preocupa não, a gente tem aquele papel serrilhado aqui. Pode fazer preto e branco mesmo que gasta até menos tinta e imprimo aqui mesmo.

Pára o mundo que eu quero descer! Não era de uma designer que sua amiga precisava. Queria perder o trabalho sem perder a amizade. Lembrou de um anúncio na internet que a deixou revoltada, mas podia ser a solução: “Fazemos sua logomarca pela internet com o melhor preço do mercado”. Um sujeito que faz logomarca ficaria feliz da vida em desenvolver um cartão bonitinho. Passou o contato para amiga que ficou super satisfeita.

Não estava mais revoltada com o anúncio. Não precisava mais quebrar esse tipo de galho. É só cada macaco ficar no seu.



O cliente sempre tem razão (?)

Nossa, quase 9:00h da manhã. Ana Júlia praticamente virara a noite. Mas trabalho com prazo é assim mesmo, não pode bobear com o cliente. Também, o projeto já havia sido aprovado, o cliente só pediu de última hora para mexer em um detalhe, tudo bem, era o último detalhe. Ana Júlia apressou o passo e conseguiu chegar ao escritório do cliente de acordo com o combinado:

- O arquivo está pronto. Mudei aquele detalhe exatamente como você me pediu. Já entrei em contato com a gráfica e ela só está esperando o material para a produção. Fique tranqüila, que vou fazer o acompanhamento.

- Ótimo! Posso dar uma última conferida?

Ana Júlia não gostou do tom da conferida... De repente ela só queria namorar o projeto mais um pouquinho.

- Sabe o que é.

Ai, ai, ai...

- Eu falei com o meu sócio, eu sei que você está negociando comigo desde o começo, mas ele achou melhor mudar um negocinho à toa. Eu sei que isso é rápido, você não se incomoda, né?

Ana Júlia estava inclinada em falar tudo bem, era o que geralmente fazia nessas situações, afinal, o cliente sempre tem razão. Será? Já haviam aprovado tudo, o último detalhe seria, na verdade, o penúltimo, ou o antepenúltimo? Não queria ceder, não podia ceder. Resolveu usar aquela tabela da qual rira tantas vezes mas agora o negócio era sério. Somou: negocinho à toa + rapidinho + não se incomoda e chegou a uma conclusão inesperada:

- Tudo bem, eu mexo, mas vou cobrar R$ 200,00 por isso.

Será que ela estava vendo um E.T. na frente dela? Aquela expressão ficaria estampada em sua memória por muito tempo...

- Mas, Ana Júlia, o que é isso? Você vai cobrar R$ 200,00 reais para mudar esse negocinho? Isso é um absurdo!

- Desculpe, mas absurdo é fazer do meu trabalho uma marionete. Existe todo um conceito por trás desse resultado e eu fui concedendo em vários pormenores. Mudanças extras, gastos extras.

- Tudo bem, não se exalte. Então espera aí que vou dar uma última olhada para ver se é só isso mesmo, ok?

Como assim? Pensou Ana, as outras olhadas não foram para valer? Não se exaltaria desta vez, falou um tudo bem. Existem atitudes que o dinheiro não compra, para todas as outras a tabela do jeitinho até que cai bem...

Designerfreelancer

Quando Deus criou os vizinhos, o homem estipulou a política da boa vizinhança. Essa regra básica em todo edifício que se preze se equivale àquela do marido traído, o interessado é sempre o último a saber (quando sabe).

Optar por ser designer freelancer e manter uma rotina é uma tarefa das mais complicadas. Mas Ana Júlia se esforça bastante e sempre que pode leva sua filha para tomar um sol nas manhãs ensolaradas do Rio de Janeiro. Em um lindo sábado de sol, lá vai Ana Júlia para a pracinha entreter e gastar a energia de Yasmin. Chegando lá, encontra uma mãe que, ao trabalhar durante a semana fora, só pode levar sua cria nos finais de semana:

- Nossa! Como sua filha cresceu! Está tão lindinha... O tempo passa rápido, né?

Papo vai, papo vem... a doce vizinha entra da intimidade do lar de Ana Júlia...

- Tive que colocar meu filho na creche muito cedo, é de partir o coração. Mas a minha licença só durou quatro meses. Não tinha como adiar. Bom que você consegue se dedicar tempo integral. Você deve ficar cansada de cuidar dela sozinha enquanto seu marido trabalha fora, não é?

- Nem tanto, a babá dela é muito boa.

- Mas durante a semana é você que quase sempre traz a Yasmin para passear.

Como ela sabe dessa informação?!?

- Você não pensa em voltar a trabalhar?

- Mas eu trabalho, tenho meu escritório em casa.

Essa ela não sabia...

- Ah! Que bom então, trabalha em quê?

- Sou designer freelancer.

- A tá.

Tenta falar rápido essas duas palavras? Soa muito estranho. Achou que essa informação encerraria o interrogatório, ledo engano...

- Desculpe, não entendi direito, você trabalha em quê?

- Sou designer gráfico e já tenho a minha carteira de clientes que conhecem meu trabalho. Então optei por trabalhar em casa.

- Que maravilha! Desculpe a insistência, o que faz uma designer gráfico que trabalha em casa?

Olhei para Yasmin, doida para que ela viesse correndo e dissesse que queria ir ao banheiro, que estava cansada, que o amiguinho não queria devolver o brinquedo. Não foi isso o que aconteceu. Enquanto explicava aquele texto já decorado em sua cabeça, Ana Júlia começou a ter uma brilhante idéia tabajara! Assim que pisasse em casa escreveria uma cartilha básica sobre conceitos do design para distribuir por aí. Quem sabe distribuir na próxima reunião de condomínio?